5 de fev. de 2010

“OS GRANDES DESAFIOS DOS CRIADORES DE GIR DO 3º MILÊNIO“

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São José do Rio Preto, 04 de Fevereiro de 2010.


O grande desafio de um criador de Gir que preza pelo Melhoramento Genético da raça, que valoriza as relações de amizade e solidariedade entre criadores, que contribui para os grandes avanços tecnológicos, é deixar para as futuras gerações de criadores o seguinte legado:”Este foi o trabalho que pude realizar, as coisas que passaram pelas minhas mãos, e com elas pude construir e contribuir para o futuro da raça que é e sempre será fonte de alimentos para todos os seres humanos do planeta.

Para quem teve o privilégio de termos grandes criadores no passado da visão, discernimento, e dedicação de homens como Rodolfo Machado Borges,Celso Garcia Cid, Geraldo Simões, Evaristo de Paula, Jorge Cordeiro, Mamedi Mussi, Aristóteles Góes, Zeide e Ene Sab, e outros, sem falar nos criadores que nos dão o prazer da convivência como Waldomiro Carletto, Gabriel Donato de Andrade, Armando Milani e tantos outros que tanto fizeram pela raça, são exemplos de que quando se faz pela raça e pelas amizades, não se morre nem se esquece, tornam-se imortais.

A raça Gir é diferente no manejo e convívio em relação a todas as demais raças, pois enquanto as raças de corte buscam a precocidade dos animais para abate, o gir produtivo e fértil, permite uma maior convivência com os criadores, e dada a sua docilidade, uma grande interação entre criador e animal.

Diria sem nenhum constrangimento e receio, que a satisfação de criar e selecionar animais da raça Gir, me dá muito prazer alem de fazer o que gosto, ou seja, produzir animais que possam servir em outros planteis e que tragam maior rentabilidade aos produtores de leite de todo o Brasil.

A todos os produtores rurais de todo o Brasil, sejam da agricultura familiar, pequenos, médios ou grandes proprietários de terras, “Criem Gir, Adote o Gir” e você terá mais prazer em ir até a sua propriedade. Com as tecnologias disponíveis pode-se saber o sexo do produto, mas ninguém conseguiu ainda determinar a cor da pelagem do animal.Não tem criador que ao ser comunicado do nascimento do bezerro não pergunte:”Macho ou Fêmea”, e a pergunta infalível:”Que cor?” Bom,a partir daí todos já sabem, enquanto não conferir de fato a cor,cupim, aprumos, umbigo, etc, não sossega.

São por estas e outras razões, que sempre apoiei e acreditei no trabalho da Girgoiás com o Teste de Progênie implementado pelo Emílio da Mata e dinamizado pelo Rosimar com o apoio da Assogir e respaldo técnico da Embrapa, e principalmente pelo apoio da maioria dos criadores de Gir do Brasil.Digo a maioria, porque apesar de criadores da magnitude de um Dr. Gabriel Donato de Andrade, Arthur Souto Filizola, Léo Machado, Carlão da Publique e outros filiados à ABCGIL, é evidente que outros criadores de gir leiteiro não se manifestaram ou não querem se manifestar sobre o Teste de Progênie da Girgoiás com linhagens de touros alternativas tão necessárias ao melhoramento genético do gir para produção de leite.

Felizmente, temos o privilégio de contarmos em nosso meio, com aquele que foi, é, e será a maior referência de todos os tempos, em matéria de seleção e melhoramento genético do Gir leiteiro no Brasil.Trata-se do Dr. Gabriel Donato de Andrade, a quem rendo o meu apreço e reconhecimento a esta figura simples, dócil e sincera em todos os seus propósitos.

Quando o Dr. Gabriel diz que nunca abdicou da caracterização racial, de que a produção de leite a pasto só é viável até 5000 Kg de leite por lactação, e que o seu maior objetivo é introduzir tamanho em seus animais, alguém tem dúvidas da honestidade de tais propósitos?

Pois bem, se a Girgoiás está revolucionando o mercado com o Teste de Progênie, porque a Assogir não encampa algumas bandeiras como Controle leiteiro com animais PO a pasto e unificação dos julgamentos?

Às vezes eu me pergunto como que para uma matriz ter um “Atestado de Eficiência Reprodutiva-ER”,o ideal é o intervalo de parto ser menor que doze meses segundo a Abcz, sendo que o Controle Leiteiro é de no mínimo 305 dias ajustado para 365 dias.

Afinal vamos produzir um bezerro por ano de uma matriz PO com Índice de Produção Total de nível superior ou vamos tirar leite 365 dias para se obter o Controle Leiteiro da vaca?

O que vale mais, um produto PO macho ou fêmea que vale 5, 10, 20, 50 ou 100 mil reais, ou 2700 Kg de leite a R$ 0,60 centavos o litro e um faturamento de R$ 1.620,00 por lactação da vaca? Vamos querer um Atestado de Eficiência Reprodutiva com qualificação de nível superior ou Atestado de Controle Leiteiro?

Se optarmos pelo “ER”, então esta matriz vai produzir leite no máximo 240 dias, afinal, ela está prenhe e terá que recompor-se para uma nova cria. Portanto, eu prefiro a matriz que dá uma cria por ano, e que se em 240 dias de lactação der em media 2.400 Kg de leite, terei o melhor gado leiteiro do mundo.

Outro assunto que já foi introduzido pela ABCZ, é o estudo para em 5 anos se fazer o julgamento conjunto da raça Gir, ou seja, Padrão e Gir Leiteiro.Qualquer Associação ou Entidade representativa de criadores da raça Gir, tem que se mobilizar a partir de agora no sentido de dar subsídios ao Conselho Deliberativo Técnico da ABCZ e à sua Diretoria, para que tenhamos em 5 anos, animais caracterizados racialmente e produtivos para leite, sem deixarmos de lado o potencial para produção de carne.

Alguém parou pra pensar que em pouco tempo os Frigoríficos vão abater milhares de machos da raça Gir que não serviram como reprodutores, e que se pesar 16 arrobas aos 36 meses paga-se preço de boi gordo e se for menos o preço da arroba é o de vaca?

Melhorar genèticamente o Gir hoje, é visualizar, identificar, testar e disseminar a genética de touros melhoradores com todas as características preconizadas pela ABCZ e pelo MAPA, logo, trata-se de uma Ação de Governo, pois é de grande alcance social.

Agora me desculpe o amigo Zé Neto, com 23 Diretores do mais alto nível e de grande representatividade, com um Conselho Técnico de primeira grandeza e de um Coselho Fiscal apoiando a Diretoria, não dá pra entender o por que de em um ano não termos ainda nenhum projeto apresentado aos criadores, nenhum artigo escrito no Site da Assogir, e nem faz uso dos espaços democráticos dos Blogs Girbrasil e Gir-PO, mesmo porque, o trabalho de um presidente não pode ser o de uma formiguinha, a política não pode ser a de pé de ouvido e os princípios tem que ser democráticos e transparentes.


Euclides Osvaldo Marques
Estância do Gir
São José do Rio Preto-SP

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