7 de jan. de 2010

O GIR LEITEIRO ‘PURO’ – UMA REALIDADE NA AMÉRICA LATINA



Por Ivan Luz ledic, março 2009.

No Brasil se verifica que entraram somente cerca de 680 animais da raça Gir.

Os primeiros exemplares da raça Gir introduzidas chegaram provavelmente ao redor de 1906, numa das importações efetuadas por Teófilo de Godoy. No entanto, o senhor Wirmondes Machado Borges, criadouro de Uberaba, assegurava ter sido ele introdutor da raça, em 1918. Nas décadas dos 20 aos 40, em função do grande interesse acordado pela raça Indubrasil, em formação, muitos criadores se dedicassem à execução de cruzamentos entre as raças indicas. Alguns rebanhos Gir, pelo momento eram mantidas puras em Minas Gerais, São Paulo e Bahia. Com a importação de 1930, efetuada pelos criadores de Minas Gerais Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, a criação do Gir recebeu um novo estimulo. Ainda, foi mal a partir de 1953 que a raça passou a suplantar ao Indubrasil, em termos de registro genealógico, vindo perder esta primeira posição para a raça Nelore em 1969.

Outras três importações da Índia foram sumamente importantes para a formação do Gir brasileiro. Em 1955, o criadouro Joaquim Machado Borges fez entrar em território brasileiro, via Bolívia, 114 cabeças importadas da Índia. Posteriormente, em 1960, o de gado Celso Garcia Cid, da província de Paraná, conseguiu licença do governo federal para introduzir, depois de uma quarentena realizada em Paranaguá, 102 animais, 70 deles da raça Gir. Depois desta libertação de importação entrou no território brasileiro, em 1962, grande número de animais Zebu, entre os quais 153 Gir, principalmente para os criadores Celso Garcia Cid, Torres Homem Rodrigues dá Cunha, Rubens de Carvalho e Jacinto Honório da Silva.

A raça Gir, por suas qualidades próprias e especiais, oferece opções para seleção com funções bem definidas e distintas, para leite ou carne. Isto terminou por definir dois tipos diferentes na raça, separados no sentido ideal para cada recenseamento. Formaram-se também duas agremiações: a Associação Brasileira dos Criadores de Gir (ASSOGIR) e Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), que defendem interesses próprios e independentes.

Na atualidade, dos 332 criadores de Gir filiados à ABCZ, cerca de mais de duas centenas são sócios da ABCGIL, com rebanhos espalhados em todo território nacional. Na ABCZ foram elaborados 13.152 registros genealógicos de nascimento (RGN) em 2006 de exemplares Gir, dos quais 8.549 animais (65%) são de criadores associados à ABCGIL. Considerando que os 13.152 RGN representam 65% de natalidade de fêmeas em reprodução, então o rebanho de vacas Gir seria de 20.233, as quais representam 31% do total do rebanho. ASSIM, O GADO ESTIMADO DE GIR REGISTRADO SERIA DE 65.268 ANIMAIS. Isto representa 3,8% do total de animais das raças zebus registradas em ABCZ e somente 0,06% do total de 112 milhões do rebanho leiteiro brasileiro.

Ainda, conforme dados da ASBIA (2008), o Gir Padrão vendeu em Brasil só 5.413 doses de sêmen em 2007, que representam somente 0,14% do total comercializado pelas raças de seleção para carne. O Gir Leiteiro atingiu o número de 667.378 doses comercializadas em 2007, correspondendo a mais de 50% das doses das raças leiteiras nacionais comercializadas.

As raças Zebuínas leiteiras constituem a menor fração do rebanho Zebu registrado na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu e não é diferente do rebanho comercial, e comprometem a produção em escala de fêmeas F1 com estas raças.

Número de animais Zebu registrados na ABCZ em 2006
Gir Mocha - 928
Gir - 6.925
Guzerá - 6.647
Indubrasil - 940
Nelore - 137.873
Nelore mocho - 33.940
Sindi - 662
Sindi mocho - 3
Tabapuã - 7.571
Cangaian - 10
Brahman - 7.751
Total 203.210
Fonte: ABCZ (2008)

Este declive da raça Gir deve-se ao fato de que por que apresentem tanto nas puras como em suas mestiças, com destaque para a F1, boa produção de leite, bom temperamento, tamanho médio e boa aceitação no mercado. Isso fez com que a raça fora amplamente utilizada em cruzamentos, tendo comprometido sua população. Restrições foram feitas quanto sua conformação do úbere e tetas e da fertilidade, fundamentalmente nas matrizes puras. Esta deficiência de natureza reprodutiva, aliada a baixa taxa de reposição das fêmeas puras, devido ao grande valor de mercado das mestiças, acabou por diminuir drasticamente os rebanhos de matrizes Gir e “Giradas”, nos rebanhos dos produtores de F1.

Estes produtores que não se preocuparam em fazer o acasalamento mínimo para manutenção de 50% das fêmeas do rebanho puro com touros Gir, ainda em sua maioria cometeram a precipitação de realizar inseminação artificial com sêmen de touros Holandês e aquelas fêmeas Gir que não emprenhavam com esta tecnologia eram destinadas a monta com touro Gir. Com o passar das gerações, com estas estratégias suicidas, foram envelhecendo os rebanhos e fazendo substituição com novilhas selecionadas negativamente para fertilidade.

Estes fatos aliados a substituição dos rebanhos tradicionais pela raça Nelore acabaram por dizimar um enorme contingente de fêmeas Gir existentes nas fazendas brasileiras até a década de 60. Desta forma, hoje uma vaca Gir tem mais valor do que uma fêmea F1, o que faz com que a produção de F1 de vacas Gir sejam as mestiças de maior demanda do mercado de fêmeas leiteiras.

As outras raças Zebus leiteiras também tiveram declive em sua população ainda que com histórias e causas diferentes:
- A raça Guzerá que também já foi a raça mais encontrada no rebanho Zebu nacional no começo do século, sendo que sua população foi reduzida devido a grande mestiçagem para a formação do rebanho Indubrasil no início do século passado.

- Já a raça Indubrasil, que também atingiu grande distribuição e sendo amplamente utilizada na produção de mestiças, teve sua população reduzida devido a características de baixa fertilidade e habilidade materna, além de histórico semelhante a raça Gir.

SE NÃO FOSSEM OS CRIADORES DE GIR LEITEIRO, PROVAVELMENTE ESSA SITUAÇÃO SERIA MUITO PIOR E TALVEZ O GIR ESTARIA FADADO À EXTINÇÃO EM BRASIL. Souberam com perseverança e ideais, melhorar os úberes, com tetas de tamanhos médios e bem colocados; aprumos perfeitos e estrutura óssea vigorosa; boa resposta de ovulação nos processos de TE e FIV e reduzir a idade ao primeiro parto e intervalo de partos.

O GIR DEVE SER MANTIDO COMO GIR DENTRO DA VISÃO DE RAÇA “PURA” EM TERMOS DE INVENTÁRIOS DE PEDIGREES. Temos Gir Leiteiro como recurso genético dinâmico que evoluiu no tempo conforme às necessidades circunstanciais do Mundo Tropical. A APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO ACONTECEU E O MELHORAMENTO OCORREU. FAZ MUITOS ANOS QUE ESTAMOS DANDO “OLÉ!” COM A SELEÇÃO E MELHORAMENTO DO GIR PARA PRODUÇÃO DE LEITE.

O problema é que os CRIADORES DE GIR PADRÃO ALEGAM QUE O GIR LEITEIRO É MESTIÇO ou teve infusão de ‘taurus’. ISSO NÃO É UMA VERDADE tendo em vista que esses rebanhos Gir Leiteiro foram formados de linhagens importadas, a maioria descendentes de nove touros importados da Índia: Alambique, Gaiolão, Gandhi, Hindostan, Krishna, Naidu, Rajá, Lobisomen e Vijaya. O que ocorreu é que esses criadores não se apegaram tanto nos detalhes de refinamento de beleza racial e sim nos aspectos produtivos, todavia enquadrados dentro do padrão racial exigido para registro na ABCZ.

O processo seletivo aplicado nos rebanhos que criavam Gir não formou variedades diferentes na raça, mas sim aptidões de produção desiguais, com biotipos próximos ao que se estava melhorando, carne ou leite.

A maioria desses rebanhos Gir Leiteiros, formados na década de 30-40, sempre foram acompanhados quanto ao registro pela ABCZ, com pedigrees avaliados, bem como serviram de estudo para tese de mestrado e doutorado desde sua formação, não cabendo nenhuma dúvida quanto sua origem Gir ‘indiana’.

AS VACAS DE FUNDAÇÃO DESSES CRIADORES PIONEIROS DO GIR LEITEIRO ERAM ORIUNDAS DOS REBANHOS DE GADO GIR SELECIONADOS PARA CARNE DOS CRIADORES MAIS TRADICIONAIS DA ÉPOCA E QUE NÃO SE MOSTRAVAM ADEQUADAS AO SISTEMA DE PRODUÇÃO EXTENSIVO. Eram vacas ‘descarnadas’, com úberes grandes e que exigia a presença de vaqueiro porque o excesso de leite dificultava a criação do bezerro e elas tinham de ser ordenhadas para evitar mamite ou diarréia das crias, além de não apresentarem o mesmo desempenho ponderal exigido para animais de corte, que desviam todo o metabolismo para produção de carne.

SERIA INIMAGINÁVEL QUALQUER UM DESSES CRIADORES TEREM FEITO CRUZAMENTO PARA ESPERAREM 4 A 5 GERAÇÕES PARA QUE TIVESSEM UM GIR POR ABSORÇÃO NA CATEGORIA LA (Livro Aberto) E DEPOIS MAIS 3 GERAÇÕES PARA ENQUADRAR-SE NA CATEGORIA PO (Puro de origem) - NO MÍNIMO 35 ANOS PARA DO QUE ISSO PUDESSE OCORRER.

Não resta dúvida quanto à origem e manutenção ‘indicus’ desses rebanhos Gir Leiteiro - o que ocorre é falta de argumentação dos criadores de Gir Padrão que perderam seu espaço na pecuária e utilizam disso de forma apelativa e sem respaldo para denegrir o trabalho desses criadores que souberam romper barreiras e crendices. Os criadores de Gir Leiteiro não priorizaram os preceitos hindus de veneração da vaca sagrada e passaram a criar o Gir como unidade de produção e de transformação dos vegetais em alimento nobre para consumo humano e ‘não como entidade de admiração’.

Outro fato a relatar é que antes da Prova de Progênie, os rebanhos Gir Leiteiro também não faziam incorporação de animais de outros criadores. Alguns deles tinham linhagens distintas que possibilitaram acasalamentos evitando consangüinidade extrema. Outros já estavam com certo esgotamento de famílias e estava ocorrendo estreitamento na endogamia. Com o uso de touros provados, novas opções surgiram para introduzir-se animais de diferentes origens e foram feitos acasalamentos dirigidos visando ampliar a base genética dos diversos rebanhos, existindo touros provados e em avaliação de origem mais diversa, o que possibilita ter diversidade genética.

ESSA REALIDADE DO GIR COMO RAÇA LEITEIRA, SEGUINDO SUA APTIDÃO NATURAL COMO EM SEU PAÍS DE ORIGEM E ADOTADA NOS OUTROS PAÍSES QUE IMPORTAM DO BRASIL, hoje é perseguida por todos, como uma reparação do erro cometido quando de sua introdução no Brasil, que a considerou como raça de corte. Tanto que atualmente a própria ASSOGIR está com intuito reavivar a Entidade dando enfoque para seleção leiteira junto aos seus associados. ESSE É O DESTINO DO GIR.

GIRGOIÁS é outro exemplo de iniciativa visando identificar animais leiteiros através do Teste de Progênie de diversos outros rebanhos que não tinham um histórico de Controle Leiteiro Oficial de seus animais. Todos acreditam que podem e devem ter essa aptidão resguardada em seus genótipos como código genético preservado de sua origem indiana e que irá contribuir para identificar novas linhagens e famílias, COMO JÁ OCORRIDO EM ALGUNS ANTIGOS REBANHOS DE GIR PADRÃO QUE AGORA SÃO SÓCIOS DA ABCGIL E POSSUEM ANIMAIS COM COMPROVADA POTENCIALIDADE DE PRODUÇÃO LEITEIRA.

No Brasil temos só dois casos de Gir Leiteiro registrado que foram formados por absorção, um criador em Minas Gerais (Muriaé) e outro em Goiás (www.fazendagramado.com.br). Temos sim rebanhos ‘Girados’, mas sem registro, por não se conhecer sua história em termos de seleção e pedigrees. Esses rebanhos são chamados “cara limpa” e não entram nas estatísticas de nenhuma das raças Zebu.

Por sua vez, verificamos na Guatemala que poucos rebanhos Gir são puros (o Brahman ocupou seu espaço), e a maioria hoje são Gir Leiteiro absorvidos do Brahman vermelho, como única opção que tiveram. De ou lado vimos na Colômbia, Bolívia, Equador e Venezuela Gir Leiteiro ‘puro’ de importação do Brasil, que estão ocupando o lugar do Brahman americano e seus cruzamentos. No México, quando de nossa visita, no ano passado, vimos rebanhos Gir de origem brasileira de excepcional qualidade produzindo leite em regiões de trópico úmido e seco, como diversos rebanhos mestiços 1/2, 1/4, 3/4, 5/8, etc, assim também a raça Sardo Negro (de origem do Gir mouro brasileiro), extremamente adaptados às condições de criação e clima.

Finalmente:
OS CRIADORES DE GADO GIR DEVEM MANTER SEU REBANHO UTILIZANDO TOUROS GIR COM GENEALOGIA CONHECIDA E PROVADOS PARA LEITE.

Por outro lado, os criadores de Gir tem um adicional de lucro que advém da comercialização de machos, fêmeas excedentes e de descarte, afora sêmen e embriões, que hoje no Brasil representa mais do 70% do lucro da atividade, diferente de outras raças leiteiras, onde machos são descartados ao nascer e a fonte de lucro com venda de fêmeas, sêmen e embriões é muito baixa em relação à venda de leite.

O GIR É NA REALIDADE UMA RAÇA ‘Bos taurus indicus’ ESPECIALIZADA PARA LEITE, assim como as raças ‘Bos taurus taurus’ européias, só que adaptada à nossas condições tropicais. Ninguém seleciona raça especializada para outra função que não aquela objeto de melhoramento – gado de corte é para produção de carne e gado de leite para LEITE.


Ivan Luz Ledic
Médico Veterinário, MSc. em Melhoramento Animal,
DSc. em Produção Animal
ex-Diretor Técnico da ABCGIL e
Pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Leite



Versão em espanhol:

EL GYR LECHERO ‘PURO’ – UNA REALIDAD EN AMÉRICA LATINA

En Brasil se verifica que entraron solamente cerca de 680 animales de la raza Gyr. Los primeros ejemplares de la raza Gyr introducidas llegaron probablemente alrededor de 1906, en una de las importaciones efectuadas por Teófilo de Godoy. Sin embargo, el señor Wirmondes Machado Borges, criadero de Uberaba, aseguraba haber sido él introductor de la raza, en 1918. En las décadas de los 20 a los 40, en función del gran interés despertado por la raza Indubrasil, en formación, muchos criadores se dedicaran a la ejecución de cruces entre las razas indicas. Algunos rebaños Gyr, por el momento eran mantenidas puras en Minas Gerais, São Paulo y Bahia. Con la importación de 1930, efectuada por los criadores de Minas Gerais Francisco Ravísio Lemos y Manoel de Oliveira Prata, la creación del Gyr recibió un nuevo estimulo. Aún, fue apenas a partir de 1953 que la raza pasó a suplantar al Indubrasil, en términos de registro genealógico, viniendo a perder esta primera posición para la raza Nelore en 1969.

Otras tres importaciones de la India fueron sumamente importantes para la formación del Gyr brasileño. En 1955, el criadero Joaquim Machado Borges hizo entrar en territorio brasileño, vía Bolivia, 114 cabezas importadas de la India. Posteriormente, en 1960, el ganadero Celso Garcia Cid, de la provincia de Paraná, consiguió licencia del gobierno federal para introducir, después de una cuarentena realizada en Paranaguá, 102 animales, 70 de ellos de la raza Gyr. Después de esta liberación de importación entró en el territorio brasileño, en 1962, gran número de animales Cebú, entre los cuales 153 Gyr, principalmente para los criadores Celso Garcia Cid, Torres Homem Rodrigues da Cunha, Rubens de Carvalho y Jacinto Honório da Silva.

La raza Gyr, por sus calidades propias y especiales, ofrece opciones para selección con funciones bien definidas y distinguidas, para leche o carne. Esto terminó por definir dos tipos diferentes en la raza, separados en el sentido ideal para cada padrón. Se formaron también dos agremiaciones: la Asociación Brasileña de los Criadores de G (ASSOGIR) y Asociación Brasileña de los Criadores de Gyr Lechero (ABCGIL), que defienden intereses propios e independientes.

En la actualidad, de los 332 criadores de Gyr afiliados a la ABCZ, cerca de más de dos centenares son socios de la ABCGIL, con rebaños esparcidos en todo territorio nacional. En la ABCZ fueron elaborados 18.143 registros genealógicos de nacimiento (RGN) en 2008 de ejemplares Gyr, de los cuáles 8.549 animales (un 65%) son de criadores asociados a la ABCGIL. Considerando que los 18.143 RGN representan un 65% de natalidad de hembras en reproducción, entonces el rebaño de vacas Gyr sería de 25.918, las cuales representan un 31% del total del rebaño. ASÍ, El GANADO ESTIMADO DE GYR REGISTRADO SERÍA DE 86.395 ANIMALES. Esto representa un 4,22% del total de animales de las razas Cebúes registradas en ABCZ y solamente un 0,08% del total de 112 millones del rebaño lechero brasileño.

Aún, conforme datos de la ASBIA (2009), el Gyr Patrón vendió en Brasil sólo 6.437 dosis en 2008, que representan solamente un 0,18% del total comercializado por las razas nacionales de selección para carne. EL GYR LECHERO alcanzó el número de 805.152 dosis comercializadas en 2008, correspondiendo de más del 58% DE LAS DOSIS DE LAS RAZAS LECHERAS NACIONALES COMERCIALIZADAS.

Las razas Cebuínas lecheras constituyen la menor fracción del rebaño Cebú registrado en la Asociación Brasileña de los Criadores de Cebú y no es diferente del rebaño comercial, y comprometen la producción en escala de hembras F1 con estas razas.
Número de animales Cebú con registro definitivo en la ABCZ en 2008
Gyr Mocha – 1.224
Gyr – 10.390
Guzerá – 7.692
Indubrasil – 218
Nelore - 147.992
Nelore mocho – 29.155
Sindi – 631
Tabapuã - 7.704
Cangaian – 10
Brahman – 10.908
Total 215.924
Fuente: ABCZ (2010)

Este declive de la raza Gyr débese al hecho de que por qué presenten tanto en las puras como en sus mestizas, con destaque para a F1, buena producción de leche, buen temperamento, tamaño medio y buena aceptación en el mercado. Eso hizo con que la raza fuera ampliamente utilizada en cruces, tiendo comprometido su población. Restricciones fueron hechas cuanto su conformación del ubre y tetas y de la fertilidad, fundamentalmente en las matrices puras. Esta deficiencia de naturaleza reproductiva, aliada la baja tasa de reposición de las hembras puras, debido al gran valor de mercado de las mestizas, acabó por disminuir drásticamente los rebaños de matrices Gyr y Gyradas, en los rebaños de los productores de F1.

Estos productores que no se preocuparon en hacer el apareamiento mínimo para mantenimiento del 50% de las hembras del rebaño puro con toros Gyr, aún en su mayoría cometieron la precipitación de realizar inseminación artificial con semen de toros Holandés y aquellas hembras Gyr que no embarazaban con esta tecnología eran destinadas a monta con toro Gyr. Con el pasar de las generaciones, con estas estrategias suicidas, fueron envejeciendo los rebaños y haciendo sustitución con novillas seleccionadas negativamente para fertilidad.

Estos hechos aliados la sustitución de los rebaños tradicionales por la raza Nelore acabaron por diezmar un enorme contingente de hembras Gyr existentes en las haciendas brasileñas hasta la década de 60. De esta forma, hoy una vaca Gyr tiene más valor que una hembra F1, lo que hace con que la producción de F1 de vacas Gyr sean las mestizas de mayor demanda del mercado de hembras lecheras.

Las otras razas Cebúes lecheras también tuvieron declive en su población aunque con historias y causas diferentes:- La raza Guzerá que también ya fue la raza más encontrada en el rebaño Cebú nacional en el comienzo del siglo, siendo que su población fue reducida debido a gran mestizaje para la formación del rebaño Indubrasil en el inicio del siglo pasado.- Ya la raza Indubrasil, que también alcanzó gran distribución y siendo ampliamente utilizada en la producción de mestizas, tuvo su población reducida debido a características de baja fertilidad y habilidad materna, además de histórico semejante la raza Gyr.

SI NO FUERAN Los CRIADORES DE GYR LECHERO, PROBABLEMENTE ESA SITUACIÓN SERÍA MUY PEOR Y TAL VEZ El GYR ESTARÍA FADADO A LA EXTINCIÓN EN BRASIL. Supieron con perseverancia e ideales, mejorar las ubres, con tetas de tamaños medios y bien colocados; aplomos perfectos y estructura ósea vigorosa; buena respuesta de ovulación en los procesos de TE y FIV y reducir la edad al primer parto e intervalo de partos.

El GYR DEBE SER MANTENIDO COMO GYR DENTRO DE LA VISIÓN DE RAZA “PURA” EN TÉRMINOS DE INVENTARIOS DE PEDIGRÍES. Tenemos Gyr Lechero como recurso genético dinámico que evolucionó en el tiempo conforme a las necesidades circunstanciales del Mundo Tropical. LA APLICACIÓN DEL CONOCIMIENTO ACONTECIÓ Y El MEJORAMIENTO OCURRIÓ. HACE MUCHOS AÑOS QUE ESTAMOS DANDO “OLÉ!” CON LA SELECCIÓN Y MEJORAMIENTO DEL GYR PARA PRODUCCIÓN DE LECHE.

El problema es que los CRIADORES DE GYR PATRÓN ALEGAN QUE EL GYR LECHERO ES MESTIZO o tuvo infusión de taurus ‘’. ESO NO ES UNA VERDAD con miras a que esos rebaños Gyr Lechero fueron formados de linajes importados, la mayoría descendientes de nueve toros importados de la India: Alambique, Gaiolão, Gandhi, Hindostan, Krishna, Naidu, Rajá, Lobisomen y Vijaya. Lo que ocurrió es que esos criadores no se encariñaron tanto en los detalles de refinamiento de belleza racial y sí en los aspectos productivos, sin embargo encuadrados dentro del patrón racial exigido para registro en la ABCZ.

El proceso selectivo aplicado en los rebaños que creaban Gyr no formó variedades diferentes en la raza, pero sí aptitudes de producción desiguales, con biotipos próximos a lo que se estaba mejorando, carne o leche. La mayoría de esos rebaños Gyr Lecheros, formados en la década de 30-40, siempre fueron acompañados cuanto al registro por la ABCZ, con pedigríes evaluados, así como sirvieron de estudio para tesis de máster y doctorado desde su formación, no cabiendo ninguna duda cuanto su origen Gyr ‘hindú’.

LAS VACAS DE FUNDACIÓN DE ESOS CRIADORES PIONEROS DEL GYR LECHERO ERAN ORIUNDAS DE LOS REBAÑOS GANADEROS GYR SELECCIONADOS PARA CARNE DE LOS CRIADORES MÁS TRADICIONALES DE LA ÉPOCA Y QUE NO SE MOSTRABAN ADECUADAS AL SISTEMA DE PRODUCCIÓN EXTENSIVO. Eran vacas ‘descarnadas’, con ubres grandes y que exigía la presencia de vaquero porque el exceso de leche dificultaba la creación del ternero y ellas tenían que ser ordeñadas para evitar mamitis o diarrea de las crías, además de que no presentaran el mismo desempeño ponderal exigido para animales de corte, que desvían todo el metabolismo para producción de carne.

SERÍA INIMAGINABLE CUALQUIER UNO DE QUE ESOS CRIADORES HAYAN HECHO CRUCE PARA QUE ESPEREN 4 LA 5 GENERACIONES PARA QUE TUVIERAN UN GYR POR ABSORCIÓN EN LA CATEGORÍA LA (Libro Abierto) Y DESPUÉS MÁS 3 GENERACIONES PARA ENCUADRARSE EN LA CATEGORÍA PO (Puro de origen) - COMO MÍNIMO 35 AÑOS PARA QUE ESO PUDIERA OCURRIR.

No resta duda cuanto al origen y mantenimiento ‘indicus’ de esos rebaños Gyr Lechero - lo que ocurre es falta de argumentación de los criadores de Gyr Patrón que perdieron su espacio en la ganadería y utilizan de eso de forma apelativa y sin respaldo para denigrar el trabajo de esos criadores que supieron romper barreras y supersticiones. Los criadores de Gyr Lechero no priorizaron los preceptos hindúes de veneración de la vaca sagrada y pasaron a crear el Gyr como unidad de producción y de transformación de los vegetales en alimento noble para consumo humano y no ‘como entidad de admiración’.

Otro hecho a relatar es que antes de la Prueba de Progenie, los rebaños Gyr Lechero tampoco hacían incorporación de animales de otros criadores. Algunos de ellos tenían linajes distinguidos que posibilitaron apareamientos evitando consanguinidad extrema. Otros ya andaban con cierto agotamiento de familias y estaba ocurriendo estrechamiento en la endogamia. Con el uso de toros probados, nuevas opciones surgieron para introducirse animales de diferentes orígenes y fueron hechos apareamientos dirigidos visando ampliar la base genética de los diversos rebaños, existiendo toros probados y en evaluación de origen más diverso, lo que posibilita tener diversidad genética.

ESA REALIDAD DEL GYR COMO RAZA LECHERA, SIGUIENDO SU APTITUD NATURAL COMO EN SU PAÍS DE ORIGEN Y ADOPTADA EN LOS OTROS PAÍSES QUE IMPORTAN DE BRASIL, hoy es perseguida por todos, como una reparación del error cometido cuando de su introducción en Brasil, que la consideró como raza de corte. Tanto que actualmente la propia ASSOGIR anda con objetivo reavivar la Entidad dando enfoque para selección lechera junto a sus asociados. ESE ES EL DESTINO DEL GYR.

GIRGOIÁS es otro ejemplo de iniciativa visando identificar animales lecheros a través de la Prueba de Progenie de diversos otros rebaños que no tenían un histórico de Control Lechero Oficial de sus animales. Todos creen que poden y deben tener esa aptitud resguardada en sus genotipos como código genético preservado de su origen hindú y que irá a contribuir para identificar nuevos linajes y familias, COMO YA OCURRIDO EN ALGUNOS ANTIGUOS REBAÑOS DE GYR PATRÓN QUE AHORA SON SOCIOS De la ABCGIL Y POSEEN ANIMALES CON COMPROBADA POTENCIALIDAD DE PRODUCCIÓN LECHERA.

En Brasil tenemos sólo dos casos de Gyr Lechero registrado que fueron formados por absorción, un criador en Minas Gerais (Muriaé) y otro en Goiás (www.fazendagramado.con.br). Tenemos sí rebaños ‘Gyrados’, pero sin registro, por no conocerse su historia en términos de selección y pedigríes. Esos rebaños son llamados “cara limpia” y no entran en las estadísticas de ninguna de las razas Cebú.

Por su parte, verificamos en Guatemala que pocos rebaños Gyr son puros (el Brahman ocupó su espacio), y la mayoría hoy son Gyr Lechero absorbidos del Brahman rojo, como única opción que tuvieron. De o lado venimos en Colombia, Bolivia, Ecuador y Venezuela Gyr Lechero ‘puro’ de importación de Brasil, que están ocupando el lugar del Brahman americano y sus cruces. En México y Costa Rica, cuando de nuestra visita, el año pasado, venimos rebaños Gyr de origen brasileño de excepcional calidad produciendo leche en regiones de trópico húmedo y seco, como diversos rebaños mestizos 1/2, 1/4, 3/4, 5/8, etc, así también la raza Sardo Negro (de origen del Gyr moro brasileño), extremadamente adaptados a las condiciones de creación y clima.

Finalmente:
Los CRIADORES DE GANADO GYR DEBEN MANTENER SU REBAÑO UTILIZANDO TOROS GYR CON GENEALOGÍA CONOCIDA Y PROBADOS PARA LECHE.

Por otro lado, los criadores de Gyr tiene un adicional de logro que adviene de la comercialización de machos, hembras excedentes y de descarte, afuera semen y embriones, que hoy en Brasil representa más del un 70% del logro de la actividad, diferente de otras razas lecheras, donde machos son descartados al nacer y la fuente de logro con venta de hembras, semen y embriones es muy baja en relación a la venta de la leche.

EL GYR ES EN LA REALIDAD UNA RAZA ‘BOS TAURUS INDICUS’ ESPECIALIZADA PARA LEITE, así como las razas ‘Bos taurus taurus’ europeas, sólo que adaptada a la nuestras condiciones tropicales. Nadie selecciona raza especializada para otra función que no aquel objeto de mejoramiento – ganado de corte es para producción de carne y ganado de leche para LECHE.


Ivan Luz Ledic
Médico Veterinário, MSc. em Melhoramento Animal,
DSc. em Produção Animal
ex-Diretor Técnico da ABCGIL e
Pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Leite

3 comentários:

Unknown disse...

Doctor Ivan Luz Ledic, permitame felicitarlo por tan excelente artículo que nos dilucida muy claro lo que ha sido y es el Gyr Lechero en la actualidad en América Latina. Sus aportes a la bovinotecnología tropical son muy excelsos. Nuevamente gracias.

Fernely Ramos Gutiérrez, M.D.
Criadero RS - Rancho El Palmar
Garzón - Huila Colombia
"Pasión por el Gyr"
www.criaderors.com

Estância do Gir disse...

Prezado Ivan,

As abordagens que vc. faz no seu artigo alem de perfeitas com historia, dados e números,a forma didática com que vc. trata da Raça,
somente um professor poderia faze-lo.É hora de todos os giristas do Brasil pararem e refletirem sobre as diferanças e questiunculas sobre
a raça.O dia que todos os criadores de Gir se unirem em torno
de um só objetivo, que é tornar a raça produtiva em todo o seu potencial,será o maior mercado
de negocios na pecuária.
Pelo número do total de animais,
percebe-se o quanto há campo para o crescimento da raça.
Parabens pela finalização do seu artigo, sugerindo aos criadores de Gir que mantenham seus planteis,
utilizando touros Gir com Genealogia conhecida e provados para leite.
Ivan, espero que na Assogir vc. continue prestando grandes serviços à raça, principalmente de olho no futuro da raça.

Abraços

Euclides/Estância do Gir

gir disse...

É preciso acabar com essa rivalidade entre selecionadores de Gir Leiteiro e Padrão, o mais interessante é publicar artigos sem ataques a nem uma das categorias e procurar a união. O Gir contempla: Raça, Leite e Carne, além de ser um animail sagrado para a pecuária brasileira.

Gir- Uberlândia MG