SANIDADE
Raças bovinas com orelhas grandes são as mais afetadas pela
doença, que no Brasil tem três agentes identificados.
Entre os pecuaristas é bastante difundido que os helmintos, ou simplesmente vermes, podem parasitar o intestino, rúmen, abomaso e os pulmões dos animais acarretando muitos prejuízos. Contudo, nesta lista não podem ser esquecidos aqueles que se localizam nos ouvidos dos animais e que trazem grande incômodo e igualmente perdas. Além dos gastos exigidos em seu controle e tratamento, os animais se alimentam mal, perdem peso e produção de leite, entre outros transtornos. O problema não é generalizado, atacando praticamente apenas raças com orelhas grandes, onde o acúmulo de cerume cria ambiente favorável ao seu desenvolvimento. Nessa situação se encontram a indubrasil e a gir.
No País, três destes vermes tiveram sua presença identificada: Tricephalobus oticola, Micronema spp e o Rhadditis spp. Este último começou a trazer complicação a produtores e aguçou a curiosidade de pesquisadores no Rio de Janeiro. Anteriormente, sua ocorrência já havia sido registrada em trabalhos científicos nos Estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. Entretanto, pode estar muito mais disseminado pela própria comercialização e trânsito de animais parasitados, isso vale também para os outros dois vermes.
Após se deparar com o problema e sem saber como evitá-lo, Marcos Araújo Nogueira, gerente da Fazenda São. Fernando, em Vassouras, RJ, passou a contar com a ajuda dos veterinários Pedro Moreira Alves, da Pesagro; e Fábio Scott, do departamento de parasitologia da Universidade Federal Rural, também do Rio de Janeiro. É preciso lembrar que as otites podem ter diferentes causas como ácaros, afetando várias raças.
Scott comenta que o parasita encontrado na propriedade é ainda pouco conhecido e estudado no Brasil, com o primeiro relato da sua existência registrado no início da década de 1970. Ele considera que essa ausência de informação, aliada ao reduzido tamanho do parasita, possa ser a resposta para o pequeno número de notificações, já que “muitas vezes passam despercebido dos produtores, que notam somente um quadro de otite recorrente”. Acredita-se, como relata, que o formato acartuchado do pavilhão auricular das raças gir e indubrasil crie microclima favorável ao parasita. Nos casos mais graves, o pesquisador da UFRRJ diz que podem ocorrer lesões neurológicas, deformação do pavilhão auricular, dificuldade de mastigação e paralisia facial parcial.
O veterinário Alves, da Pesagro, revela que houve formação de pus nos animais da propriedade, o que tornou o cerume no ouvido de coloração amarelada e com odor extremamente desagradável. Essas características o tem auxiliado na identificação do problema. Ele explica que usa uma haste de madeira envolta num chumaço de algodão, como um “cotonete”, que introduz na orelha do animal fazendo movimentos giratórios. Quando o cerume retirado é escuro e sem cheiro, avalia que a infestação é baixa ou inexistente. Se amarelado e às vezes malcheiroso existe a infestação, que igualmente pode ser comprovada olhando-se cuidadosamente a haste contra a luz. Similares a fibras muito finas, diz que é possível observar o parasita
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